Anualmente, a 9 de maio celebra-se o Dia da Europa.
A ideia de transformar este dia na data de aniversário da Europa surgiu em 1985, quando na Cimeira de Milão, os Chefes de Estado e de Governo da União Europeia (UE) decidiram que seria a altura perfeita para tal; visto que, foi nesse mesmo dia, em 1950, que decorreu a apresentação da “Declaração Schuman” realizada pelo ministro francês dos Negócios Estrangeiros, na altura, Robert Schuman. Nesta declaração, baseada em ideais inicialmente defendidos por Jean Monnet, encontravam-se enunciados os valores que definem a atual UE, tais como: paz, solidariedade, desenvolvimento económico e social e equilíbrio ambiental e regional.
Atualmente, o dia tem como objetivo “refrescar a memória” relativamente aos valores defendidos pela UE, evocando-os com orgulho através de celebrações para todos e para todas, desde um concerto em Portugal, passando por uma corrida na Suíça, até uma ida ao Parlamento Europeu em Estrasburgo, entre muitas outras atividades.
O dia é também celebrado fora da Europa: na Ásia, na América do Norte e no continente africano, em Cabo Verde, através de um seminário intitulado “A importância da qualidade e regulação na vida dos cidadãos: uma parceria especial com a UE e o seu impacto na melhoria das condições de vida dos cabo-verdianos”. Este seminário conta com a participação de estudantes e professores universitários, o que é extremamente curioso tendo em conta que, inicialmente, o dia da Europa se dirigia particularmente à comunidade escolar e é, na atualidade, um dos símbolos europeus juntamente com a bandeira, o hino, a moeda e o seu lema “Unida na diversidade”.
As possibilidades para a celebração deste dia são infinitas mas será que o tempo para refletir verdadeiramente sobre estes tão aclamados valores também tem lugar na agenda? Ora, que tal agora? Comecemos pelo lema “Unida na diversidade” e pelos valores de paz e solidariedade conjugados com uns meros minutos de telejornal… Há algo que não bate certo. As imagens que vemos de campos de refugiados e notas em roda pé a informar-nos que estes devem voltar para a Turquia, onde à sua espera já se encontravam manifestações anti-refugiados, estes que após terem feito uma viagem inimaginável para chegarem às ilhas gregas, foram envolvidos num sistema de troca por troca do qual, no final, nada beneficiaram.
Estes problemas que decorrem dentro da Europa são preocupantes e mesmo que tentemos limpar a nossa consciência com o clássico “são decisões deles” ou um “não se pode fazer nada”, sabemos que isso não é verdade. Podemos fazer algo e fizemos, só que mal. O lema da UE defende a diversidade como algo positivo para o continente e aponta para uma união não só europeia mas também solidária com o resto do mundo, no entanto, grande parte dos seus cidadãos parece ignorar este conceito: em Portugal, os votos do partido PNR duplicaram em relação às eleições de 2011, e a tendência de crescimento destes partidos de extrema direita verificou-se também noutros países da Europa, como a França com Marine Le Pen ou a Dinamarca com o partido popular dinamarquês.
No entanto, e para terminar com uma nota de esperança, não quero com isto dizer que, perante situações como esta, este dia deixe de fazer sentido, pelo contrário, é uma data a assinalar deveras importante, pois permite que revisitemos os valores que criaram esta União.
Beatriz Cardoso Ribeiro, 12º ano