Apoio a Crianças em Moçambique

Para nós que vivemos numa sociedade em que a maioria das crianças tem acesso à educação, e a bens essenciais como alimentação, cuidados de saúde ou vestuário, é difícil imaginar que existem realidades totalmente opostas, com um grau de dureza de difícil compreensão.

É o que acontece, infelizmente, na maioria dos países do continente africano, em que milhões de crianças não têm aulas, e nunca souberam o que é um brinquedo, para além da falta de alimentos e cuidados médicos.
A possibilidade de frequentarem a escola é muitas vezes dada apenas por projectos, missões e associações humanitárias oriundas de outros países, que desenvolvem trabalho árduo no terreno, construindo e desenvolvendo estruturas que permitam a estas crianças terem acesso à educação.
É também na escola que a maioria delas recebe as únicas refeições do dia, pequeno-almoço e almoço, sendo que mais nada comem até ao dia seguinte.
Após o período das férias escolares quando as crianças regressam às aulas, é muita vezes notório o decréscimo de peso e fraqueza física devido à falta de nutrição.

Mas apesar do trabalho dos muitos projetos e associações a luta com a carência de recursos e bens é diária.
Há falta de tudo, e um simples lápis de cor, um caderno, uma escova de dentes, um penso higiénico, um par de cuecas ou um brinquedo são objectos inacessíveis, e desconhecidos por muitas crianças das comunidades de África.

A Little Dresses for África Portugal é um projecto de costura cujo objectivo é proporcionar Sorrisos e mimos às crianças em situação de carência, quer através de vestidos e calções coloridos e alegres, mas também bonecas de pano (muitas vezes o primeiro brinquedo ou a primeira roupa nova que recebem) e ainda pensos higiénicos reutilizáveis, um dos itens mais importantes na dignificação e autoestima feminina.
Em paralelo com os artigos costurados de raiz, o projecto tenta sempre que possível fazer chegar às crianças vários dos bens em falta.

Ser mulher /menina nestas comunidades é um desafio constante sendo que não existe acesso a bens de higiene primários, o que impede as raparigas de frequentarem a escola e as remete ao isolamento e inclusive à discriminação, reforçada por princípios culturais enraizados de desvalorização feminina.
É por isso que o foco principal da Ldfa Pt é a menina, exaltando a sua importância na comunidade.
A roupa não é um artigo fútil, mas o veículo para a concretização de um sentimento de autoestima na criança
“És lembrada, és amada, és importante, mereces sentir-te bonita e feliz”.
Isso é essencial na construção da personalidade e confiança da futura mulher.
Além de dar-lhe a educação e os recursos para que na altura certa, a menstruação não seja um tabu, ou sinónimo de incapacidade ou impureza.

Mas sendo a Ldfa um projecto sem qualquer apoio financeiro, formado por pessoas teimosas determinadas a conseguir mais concretizações que palavras, é necessário que hajam parcerias com quem tem ação permanente no terreno, como é o caso da Associação Capulana.

Fundada por um casal que vive em Portugal mas que passou a adolescência em Moçambique, esta Associação começou por apoiar e promover o desenvolvimento de uma aldeia, Ndivinduane, no distrito de Boane a cerca de 100 kms da capital (baptizada também por Aldeia José Domingues da Costa, fundador e responsável da Associação Capulana) sendo que neste momento são já cinco as aldeias em que a sua acção é essencial ao bem-estar das crianças.

Ndivinduane era um local onde viviam populações deslocadas pela guerra e que ficou dizimada após as cheias de 2000.
A construção de um furo de água (imprescindíveis à vida das aldeias) foi o primeiro passo, seguindo-se escola e posto médico, camaratas para receber estudantes que vêm de locais distantes, bem como machambas (hortas) para o cultivo e autossuficiência alimentar da população, envios regulares de bens através de contentor próprio, apoio na alimentação escolar das crianças, desenvolvimento da qualificação dos professores que leccionam na escola, e muito mais acções que por mais pequenas que pareçam fazem toda a diferença nestas comunidades.
É uma Associação séria e dedicada, cujo trabalho a Ldfa PT teve o privilégio de assistir presencialmente em Moçambique.

O material que o Colégio Campo de Flores solidariamente doou fez as delícias das crianças de Ndivinduane, e será usado e estimado por elas durante muito tempo.

Todos juntos podemos fazer a diferença, apoiando, divulgando, tomando consciência que num mundo que se quer mais justo e menos desigual, com mais compaixão, mais humanidade e mais empatia, há ainda um longo caminho a percorrer….